27 junho 2008













O Retrato, a Energia

É horrível dizer-to
Mas desses teus olhos grandes febris e ternos
Dessa boca onde meu coração tanto se perdeu
Desses beijos tão imperiosos como mandamentos
Desses transportes que a luz nos invejava
Resta apenas um esboço esbatido
A três cores
Que como eu agoniza sozinho sem rosto
E que o tempo, um velho malcriado,
Amarrota um pouco mais todos os dias com sua asa rude

A entropia
Transformou em cinzas
Todas as chamas em que ardíamos

Mas eu aviso-te ó assassina da vida e da arte
Nunca conseguirás apagar da minha memória
Aquela que foi meu prazer e minha glória


Charles Baudelaire
em As Flores do Mal
tradução de Maria Gabriela Llansol

1 comentário:

lenor disse...

Deste gosto porque é nostálgico qb. Comungo-o.
Para mim, ficam melhor de ler com as letras deste tamanho.