28 junho 2008













A mão ao assinar este papel

A mão ao assinar este papel arrasou uma cidade;
cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração;
duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um país;
estes cinco reis levaram a morte a um rei.

A mão soberana chega até um ombro descaído
e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso;
uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte
que pôs fim às palavras.

A mão ao assinar o tratado fez nascer a febre,
e cresceu a fome, e todas as pragas vieram;
maior se torna a mão que estende o seu domínio
sobre o homem por ter escrito um nome.

Os cinco reis contam os mortos mas não acalmam
a ferida que está cicatrizada, nem acariciam a fronte;
há mãos que governam a piedade como outras o céu;
mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.


Dylan Thomas
em A mão ao assinar este papel
Tradução de Fernando Guimarães

2 comentários:

o escriba disse...

Gostei muito do que li neste espaço. Palavras fortes e belas. Boa poesia em português.

Um abraço
Esperança

Anónimo disse...

Não conhecia também. A rever.



Abraços do EU, SER IMPERFEITO e d´A SEIVA