01 julho 2008
Não há outra maneira de te aproximar
da boca: quantos sóis, quantos mares
ardendo para que não fosses neve:
corpo
ancorado no verão: as aves marinhas
coroam-te a cabeça
no seu voo: inacabada música
liberta dos dedos:
luz entornada pelo dorso, na cintura,
mais doce sobre as nádegas:
para levar-te à boca, quantos mares
arderam, quantas naves.
Eugénio de Andrade
em Branco no Branco
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1 comentário:
O Eugénio fazia poemas como uma criança afiava um pequeno tronco. Lasca a lasca ia saindo o supérfluo, até o pau ficar na forma perfeita.
Muito simples, mas maravilhosamente perfeito.
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