09 dezembro 2009
"Caiu uma bomba na literatura mundial."
Kenneth Singh
"Uma obra avassaladora."
João Alberto dos Santos
"A escrita tenta sempre novos caminhos; a escrita experimenta e, ela própria, lê."
Gonçalo M. Tavares
"Revolucionário. Um livro que transforma a existência como um murro indefensável."
António Marques Ferreira
www.terrasonora-nunoviana.blogspot.com
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15 julho 2008
Sobre um Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
em Ou O Poema Contínuo
10 julho 2008
08 julho 2008
06 julho 2008
04 julho 2008
uma pedra viva a terminar a torre
uma flor pulmonar abrindo vales de assombro
um diadema claro sentenciando anjos e acordos ocultos.
Não avistarei incêndios, nem vestígios de maldade
nem as liturgias mudas da voz, cinzas da nossa casa:
quando o coração cantar e o seu arder me cegar
bastar-me-á o vinho das bocas e a inocência do inacabado,
a aparência dos muros altos, o punhal sangrento
que é a solidão do outro em mim mesmo.
O mundo duplicar-se-á electricamente no peito
em peixes sedentos e luminosos
suprimindo distâncias e provas de amor lúcido,
como se os cavalos de faca que violinam cegos pelo sono
com a mesma lâmpada negra com que deuses
ergueram pontes aos demónios, às crianças feridas
que habitam inquietas no peito dormente da eternidade:
porque também o mal, também a flor da cinza
precisa de crescer para me salvar.
O Poema Conciso
Porque és tão curto ? Já não amas, como noutros
Tempos, o cântico ? Nesse tempo , ainda jovem,
Quando em dias de esperança cantavas,
Nunca encontravas o fim.
Como a minha sorte, assim é minha canção. Queres-te
banhar, feliz, no pôr do Sol? Já passou! E a
Terra é fria e o pássaro da noite sibila,
Incómodo, perante os teus olhos.
Hölderlin