27 junho 2008












Ite, rime dolenti, al duro sasso

Oh, vai, verso dolente, à pedra dura
Que o meu caro tesouro em terra esconde,
E chama quem do céu inda responde,
Se bem que o corpo esteja em tumba escura.

Diz-lhe que vivo exausto de amargura,
De navegar sem já saber por onde,
Salvando apenas sua esparsa fronde
De perder-se na morte que se apura,
Sempre arrazoando dela, viva e morta,
Como se viva e já feita imortal,
Para que o mundo a reconheça e ame.

E que lhe praza ser quem me conforta
No instante que se apressa. Venha e, qual
Está no céu, a si me leve e chame.



Petrarca
tradução de Jorge de Sena

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